O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu nesta
quinta-feira pela primeira vez que pode voltar a se candidatar à presidência.
Lula disse no Programa do Ratinho, do SBT, que entra na disputa caso a
presidenta Dilma Rousseff desista da reeleição com o objetivo de evitar a volta
do PSDB ao governo.
“A única hipótese de eu voltar a me candidatar é se ela não
quiser. Não vou permitir que um tucano volte a presidir o Brasil”, disse Lula.
O programa ficou em segundo lugar na audiência com 8 pontos. Cada ponto
equivale a 60 mil residências na grande São Paulo.
A primeira entrevista de Lula depois de diagnosticado o
câncer na laringe em outubro do ano passado também serviu de palanque para o
candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. O ex-ministro da
Educação, empacado em 3% nas pesquisas de opinião, foi mostrado duas vezes,
identificado como candidato de Lula, convidado a sentar à mesa de entrevista e
alvo de fartos elogios.
A produção do programa chegou a preparar um vídeo sobre o
Pro-Uni com direito a personagens e cenas melodramáticas.
Haddad aproveitou o palanque para enumerar suas realizações
no MEC e criticar a política de saúde da prefeitura. Lula também não poupou
elogios ao pupilo. “O Haddad vai entrar para a história do Brasil como o
ministro que criou o Pro-Uni”, disse o ex-presidente.
A pedido de Ratinho, Lula justificou o fato de ter escolhido
um nome novo para concorrer. “O prefeito de São Paulo quando começa a nascer
qualquer que seja já nasce um pouco velho”, afirmou.
Além de Haddad, Lula chegou ao SBT acompanhado do prefeito
de São Bernardo, Luiz Marinho, do deputado Ratinho Jr. (PSC-PR), do vereador
José Américo e assessores.
Desde o início do programa Ratinho avisou que não faria
perguntas incômodas ao ex-presidente. “Ele não é mais presidente da República e
não tem que ser cobrado por nada. Vamos falar da saúde, da recuperação, de
política e desse timeco do Corinthians”, avisou. Pouco depois, ao pedir que os
telespectadores enviassem perguntas pela internet, Ratinho foi ainda mais
explícito.
“Aí começa todo mundo a mandar email com perguntinha besta
mas eu não entro nessa. Vou conversar com o meu amigo Lula”, disse o
apresentador. “Se for pergunta boa eu faço. Pergunta ruim não faço”, completou.
Quando faltava um minuto para o final do programa Ratinho
citou o episódio com o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. “Eu
nem ia perguntar sobre essa história do Gilmar Mendes porque o povão não
entende muito”, disse o apresentador.
"Não tenho interesse em falar nisso. Quem inventou que
prove a história. Quem acreditou nela que continue provando. O tempo se
encarrega de arrumar as coisas", afirmou Lula
Ao longo de 44 minutos o ex-presidente foi alvo de elogios e
teve o microfone à disposição para, com a voz fraca, atacar os adversários. Ao
justificar as falhas no sistema de saúde pública, Lula acusou a oposição de
acabar com a CPMF por vingança.
“Eles (adversários) não perceberam que não me prejudicaram
mas prejudicaram o povo pobre. Por vingança me tiraram a CPMF que era imposto
de rico”, afirmou.
Além de fazer política, Lula falou da vida fora da
presidência e do tratamento contra o câncer na laringe. “Quando cheguei em São
Bernardo o general (Gonçalves Dias, chefe da segurança) disse que depois de
três dias vinham buscar os carros e os telefones. Lá pelas tantas meu filho
disse que ia pedir um carro para ir embora e não tinha mais carro, o telefone
não funcionava mais”, disse. “No dia seguinte estávamos eu e a Marisa sentados
olhando um para a cara do outro sem saber o que fazer”, completou.
Sobre o câncer Lula falou das dificuldades do tratamento, da
dor e de sua nova rotina. Apesar do assunto delicado, Lula mostrou bom humor ao
comentar o terno que estava usando. “Eu brinquei com o Ratinho que este terno
aqui comprei quando estava internado no hospital me preparando para por no
caixão. Porque com terno velho eu não iria”, disse.
E-MAIL: PTPILARDOSUL@GMAIL.COM
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